terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

E lá vem mais esclarecimentos.

Admito, nunca estudei nem havia me interessado por Velho Oeste.
E falo mais, pra mim era um saco aqueles duelos.
Como disse antes, foi um sonho que fez esse livro acontecer, e, mesmo cheio de erros, foi o melhor que fiz até agora (os outros estão em andamento, mas poucos estão ficando como este).
Espero que tenham gostado, espero mesmo.
Obrigada.
Mari.

Capítulo final. (25)

- E quem disse que a vida é justa? – Joe soprou o cano da sua pistola. No chão, as cordas cortadas que a prendiam. Perto das cordas uma trilha de sangue se arrastava até o precipício, de onde Gigi nunca voltaria.

Joe quase caiu, mas Ben chegou a tempo de amparar a garota. Ela estava fraca, já que sofrera muitos mal-tratos algumas horas atrás.
A garota tremia, mesmo sabendo que haviam ganhado a batalha. E então percebeu que Ben estava abraçado com ela. Empurrou-o e deu-lhe um soco.
- Eu te odeio, Ben Harper.- Seu rosto estava vermelho.
- Não, não odeia não. – Ben sorriu, antes de levantar Joe pela cintura e rodar a garota.
Ben montou em um cavalo que havia achado no trem (e que suspeitava ser de algum dos bandidos) e Joe estava montada em Franja. Tinham muito que conversar ainda, não queriam ocultar mais nada do passado.
- E onde a Mel está? – Joe perguntou, olhando pra Ben, preocupada.
- A Mel acordou assim que pulei do trem... E então mandei ela ir pra casa no meu cavalo e dei um jeito de me acertar com a Franja... – Ele sorriu, enquanto apontava pra uma marca na blusa, onde Franja acertou ele.- Essa égua é tão delicada quanto a dona!
- E você pretende ficar em Elpah, Ben?
- Você pretende?
- Eu gostaria de passar em Cidmay... Faz oito anos que sumi, uma hora eu vou ter que voltar... – Ela franziu a testa. – Só não sei se estou preparada pra isso.
- Fique tranqüila, eu estou com você.
- Isso foi um consolo? – Ela segurou o riso, olhando de canto de olho pra Ben.
E eles partiram, suas silhuetas visíveis ao pôr-do-sol.
Estava tudo bem.

Cáp. Marquinhos (24)

- É, mon cherry... O que é meu está reservado, não é? A glória está reservada pra mim, cherry.
- E então, princesa, algum último pedido? – Bóris segurou o pulso de Joe, que não reagia mais a nada. Estava desmaiada.
- Sim! Tira a mão dela! – Ben apareceu, montado em Franja. O tiro que Ben deu acertou exatamente a espada que Bóris carregava, que caiu no chão.
- Como... Como chegou aqui tão rápido? – Bóris estava mais furioso do que nunca, seu rosto ficando vermelho por completo.
- Cavalos selvagens são mais rápidos que cavalos normais. E essa garota aqui estava disposta a salvar a dona. – Ben sorriu. O rapaz calmo de sempre havia voltado. – Agora, meu caro... Vamos acabar logo com isso.

Ben desceu de Franja e sacou sua espada, Bóris fez o mesmo.
Ben tentava acertar Bóris a todo custo. Precisava salvar Joe.
Bóris desviava com facilidade dos golpes de Ben, mas este não desistia. Passo pra lá, passo pra cá. Como era mesmo aquele movimento? Ben tentava fazer ataques diferentes, mas Bóris não se assustava.
- Quando quiser começar avise, certo? – Bóris gargalhou, investindo contra Ben, que escapou mais por sorte do que por técnica.
- Parece muito confiante em si mesmo, Bóris... Quem garante que não aprendi técnicas novas? – Ben sorriu.
- Pode criar suas técnicas... Mas não vai ser bom o bastante.
Ben abaixou pra não ser atingido.
- Vamos, Ben! – Bóris riu, enquanto desviava facilmente de uma investida que Ben tentou dar. – Eu que ensinei você a lidar com a espada! Conheço todos seus truques.
Então Ben aproveitou que estava no chão, pegou um punhado de areia com a mão e jogou na cara de Bóris.
- Esse truque é novo. – Ele gargalhou.- Aprendi com uma amiga.
Bóris sacudiu a areia da cara e investiu contra Ben. Iria acertar sua barriga com certeza, mas um tiro lhe acertou antes.
- N-não é justo... – Ele murmurou, antes de cair morto.

Cáp. 23

Vendo que Bóris ia se aproveitar que Joe estava com Mel no colo, Ben ergueu os braços.
- Eu desisto. Deixe elas em paz e fica comigo.
- Essa vadia matou Calvin. Você ainda me pede que eu a deixe viver? – Os olhos de Bóris estavam apertados e vermelhos, ele estava furioso.
- Então deixe eles irem e eu fico.
- A proposta está melhorando. – Bóris praticamente cuspia as palavras.
- Joe, deixe que eu fico.
- Leve sua irmã e vá embora, Harper. Eu cuido disso.
- É uma boa garota, essa pirralhinha. – Bóris olhou pra Mel. – Vocês não querem que nada aconteça a ela, querem? Pulem do trem ou vou atirar na pestinha.
- Vá logo, Harper. Antes que ele desista.
Com um último olhar desesperado, Ben pulou do trem, segurando Mel bem junto de si.

Assim que eles pularam do trem, Bóris amarrou Joe novamente, amordaçou sua boca e não tirou o olho dela. Era impossível a garota fugir dali.
Algumas horas se passaram e, de tempos em tempos, Bóris falava com Joe.
- Você foi muito otária. Eu iria te dar a chance de vida, de entrar pro grupo... Poderia até desposar você! Mas você preferiu tentar salvar o rapaz que matou seu pai. – O rosto de Bóris mostrava um desprezo que Joe nunca havia visto.- Agora, senhorita Joane... Você tem algum pedido antes da sua morte? Sim, porque o trem já está começando a parar...
“Como eu posso responder se minha boca tá tapada, seu imbecil?”.
Joe só podia pensar. Seu fim estava chegando e ela não sabia se iria querer “ver a vida passando diante dos seus olhos”. Se pelo menos ela tivesse com sua espada ou a pistola que roubou do barman... Mas Bóris apreendeu tudo, a garota só podia contar com a inteligência.
O trem parou por completo.
Bóris se levantou e puxou Joe pelo cabelo, obrigando a garota a ficar de pé. Lágrimas de dor saíram de seus olhos, mas ela não ligou. Se ela ia morrer pela mão deles, com certeza seria do jeito mais doloroso ou humilhante.
Ela queria ver Ben. Mesmo sendo um traidor, assassino, ela queria vê-lo. Sua visão sempre reconfortava a garota. O modo desleixado de Ben, que quase sempre era um rapaz calmo e relaxado, de certa forma acalmava Joe. Mas ia morrer sem essa calma interior que o rapaz lhe proporcionava.
Saíram do trem. Joe olhou pros lados e viu que estava à beira de um penhasco. Estavam em uma montanha, mas não no cume. Era um local seco, rodeado de montanhas. Bóris jogou Joe no chão e a garota se ajoelhou. Gigi, que Bóris havia libertado horas atrás, trazia uma série de armas pra que o homem escolhesse. Ele pegou uma espada grande e afiada e limpou na própria roupa.
Gigi, que possuía uma expressão demoníaca no rosto, retirou a mordaça de Joe com indescritível prazer.

Cáp. 22

E então ela se lembrou que todo vagão de trem tem uma saída por cima. O problema agora era alcançar e conseguir abrir aquela saída. Os bancos do vagão eram presos no chão, mas esse era um trem velho, talvez tivesse algum meio solto. E tinha.

- U-lá-lá, Calvin! Essa é a melhor dança que já dancei na vida! Mon cher, o senhor dança muito bem! – Gigi estivera dançando com Calvin em um dos vagões. A loira soltou uma risada dengosa. Calvin apenas esboçava um sorriso.
“Que mulherr”.
CLANC.
- Você ouviu isso, Gigi? – Calvin empunhou sua pistola e olhou ao redor. O vagão estava trancado, não tinha como ninguém entrar.
E então ele a ouviu do teto.
- Isso é pra você aprender a não ficar se assanhando pra qualquer puta. – Joe sorriu, do teto do vagão. O tiro acertou o coração de Calvin.
- Mon cher! O que você fez, sua vaca? – Gigi correu em direção a Calvin.
- O seu tá reservado, Gigi, não se preocupe. – Rapidamente, Joe trancou as portas do vagão em que Gigi estava. – Sua hora vai chegar, mon cherry.

- O que foi isso? – Bóris se levantou, de um salto, com o barulho do tiro que acertou Calvin. – Não ousem se mexer, eu já volto!
Bóris saiu a toda velocidade em direção ao final do trem. No momento em que ele saiu por um lado do vagão, Joe entrou pelo outro.
- Joe! – Ben sussurrou, a voz rouca. Para a sua surpresa (ou nem tanto) Joe não esboçou nenhum sorriso por vê-lo bem. Na realidade a garota os soltou, pegou a Mel no colo e tinha em mente pular do trem com a garota.
- Joe... Deixe eu me explicar... –Ben segurou o braço da garota, obrigando-a a olhar para ele. Ela era uma muralha. Seu rosto não apresentava emoções.
- Não há o que explicar, Ben Harper. Você matou meu pai.
- Joe, não me orgulho do que eu fiz... Nunca!
- Você mataria qualquer um que entrasse na sua frente naquele dia.
- Erro seu. Eu não te matei. Eu não te matei quando vi que você estava escondida nos barris!
A muralha acabara de desabar. Então ele sabia que ela estivera escondida? Lágrimas escorriam pelo rosto de Joe, pela primeira vez em anos.
- Você escondeu de mim! Você simplesmente me usou! O que você pretendia, Ben? O quê? – Ela tentava acertar cada pedaço de Ben com sua mão. – E eu ainda... AHR!
- Se abaixa! - Ben empurrou Joe para o chão. O tiro que Bóris endereçou pra Joe quase acertou Ben, mas ninguém saiu ferido.

Cáp. 21

- Inclusive, Joane. Você vai perceber que o verdadeiro culpado da morte de seu querido papai é seu amiguinho Ben Harper. – Bóris pegou o pacote empoeirado que Ben havia trazido e abriu, deixando a mostra o punhal. Aquele punhal que por anos aparecia nos sonhos de Joe.
Desde a morte de seu pai Joe não chorava. As duas vezes que ela engoliu o choro nesse período foram culpa de Ben. Todos os anos de sua vida procurando vingança e era tudo culpa dele.
- Por favor... Me leve pra outro vagão. Ou então me empurre na frente do trilho... Mas me tire de perto dele. – Os olhos de Joe estavam fechados. Ela não queria encarar a verdade.
Bóris desamarrou Joe e a empurrou no vagão seguinte. Tranco-a pelos dois lados do vagão e voltou pra onde estavam Ben e Mel.
Uns minutos depois Ben acordou, ainda atordoado, por causa da pancada.
- Oh, vejam só que acordou! A pessoa mais odiada desse trem! – Bóris riu.
- Seu desgraçado! Se a minha irmã tiver algum problema futuro, considere-se um homem morto!
- Ela vai ficar bem, amigo... Você deveria se preocupar com a sua vida.
- Onde é que está a Joe? E a Gigi? – Ben tentava se livrar das cordas que o prendiam.
-A Gigi está muito bem. Está fazendo um cafezinho no vagão restaurante pro seu caro amigo Calvin. – Bóris fingiu surpresa. – Ou será que Ben Harper não percebeu que Gigi trabalhava pra gente? Gigi foi perfeita. Principalmente na parte de fazer ciúmes para a tola da garota beber.
- Aquela vadia! E onde está a Joe?
- No vagão ao lado. Sabe, é uma garota interessante. Nunca conheci uma igual. Nem chorou quando eu contei a verdade! Você tem uma sorte, Harper. Mas, ao mesmo tempo, conseguiu fazer com que ela te odiasse. – Bóris se espreguiçou.- Ah, perdão. Esse foi o meu papel.
Ben viu o punhal em cima de um dos bancos do vagão e entendeu o que ele queria dizer. Seu passado havia sido revelado. Não culparia a Joe se ela não quisesse voltar a vê-lo. O mundo de Ben havia caído.

Joe estava quase conseguindo arrebentar as cordas com um pedaço pontudo de vidro que achou no vagão velho. Depois de uns minutos, a corda que prendia a mão da garota não existia mais.
“Como eu vou sair desse vagão?”.

Cáp. 20

- Muito bem. Gigi, você vai bater na porta deles e pedir abrigo, porque seu cavalo ficou doente e você precisa ir pra longe. Quando você estiver dentro da casa tente fazer com que eles bebam isto. – Ben entregou um frasco de uma espécie de veneno que ele sempre mantia guardado. – Quando eles já tiverem bebido, vão desmaiar na hora. Então você nos dá o sinal que eu irei matar eles e retirar vocês.
- E eu? – Mel perguntou.
- Você cuida dos cavalos. – Ele sorriu. – Agora vá, Gigi!
- É claro, mon cher. – A loira foi rebolando em direção a casa dos bandidos.
Ben e Mel esperaram cinco, dez, quinze minutos pelo sinal da dançarina. Mas, antes que percebessem qualquer coisa, foram atingidos na cabeça e tudo ficou escuro.

Horas haviam se passado até Joe acordar. A garota estava com uma dor de cabeça terrível. Pensou que era ressaca, mas percebeu, depois de uns segundos, que um barulho repetitivo e alto estava fazendo sua cabeça doer. Eles estavam em um trem.
Joe olhou pro lado e viu que, amarrados junto com ela, estavam Mel e Ben. Os dois estavam desmaiados.
- Ora, a princesa acordou... – A voz irônica de Bóris foi ouvida ao lado dela. Ela olhou pra Bóris e ergueu uma sobrancelha.
- É, a princesa acordou e deu de cara com um dragão. Solte eles.
- Meu amor, você não está em condições de fazer exigências. – O sorriso de Bóris se alargava a cada segundo.
- Mas pra quê você precisa deles? Solte pelo menos a garota, estou pedindo. – Joe olhou para Mel, que tinha um roxo preocupante na testa. – Por favor...
- Hum... Estamos evoluindo nas respostas, não é? – Ele sorriu.- Vou soltar a garota assim que chegarmos ao nosso destino.
- Solte ele também... Não precisa dele...
- Aí a senhorita se engana. Tenho um assunto não resolvido com o senhor Harper. – Ele cuspiu no chão. – Ou será que nosso caro Ben não te contou?
Bóris foi até a bolsa de Joe e tirou o cartaz mais antigo de “procura-se” que a garota havia conseguido recolher. Nesse antigo cartaz dava pra se ver os três integrantes do grupo. Os dois adultos estavam em todos os cartazes, mas a criança havia sumido.
Bóris chegou bem perto de Joe e esticou o cartaz na frente dela.
- Reconhece seu caro amigo? – Ele apontou com o dedo encardido pra criança do cartaz e, logo depois, fez um movimento com o queixo, apontando pra Ben.
Joe segurou as lágrimas. Como não percebera antes? A idade batia, o tipo físico batia, até a cidade deles batia!

Cáp. 19

Ben não conseguia compreender. O que levara Joe a beber tanto? A garota não era manipulável, com certeza existiu algum incentivo pra que ela agisse dessa forma.
Seja lá com quem estavam lidando, a pessoa estava bem informada.
Revirou a casa e não achou nenhum sinal da garota, porém, quando estava saindo novamente, deu de cara com Mel.
Ben abraçou a irmã que não via fazia um dia e se surpreendeu ao ver que ela chorava.
- O que aconteceu, Mel? Por onde você esteve?
- Fiz uma grande besteira, Ben...
Mel contou o que estivera fazendo desde o seu sumiço.
- Eu não acredito, Mel... Porque fez isso?
- Aquela garota estava estragando sua vida! Não queria perder mais ninguém da família! E se era ela ou você eu preferia você, claro! – Ela soluçou.- Mas eles não cumpriram com o trato... Assim que Calvin chegou com a sapa me jogaram na rua e falaram que você era o próximo e que ela era só isca.
Ben parou por um momento, tentando assimilar tudo que aconteceu. Por um momento, desejou acordar e descobrir que era tudo um pesadelo terrível. Mas precisava agir.
- Mel, então você sabe onde eles estão, certo?
- Sei sim...
- Então corra na taberna e chame a Gigi aqui, rápido! Se não te deixarem entrar peça pra que alguém a chame, mas seja rápida!
Mel saiu correndo em direção a taberna, enquanto isso Ben guardou consigo a maior quantidade de armas que achou, colocou a sela em seu cavalo e tentou colocar a sela em Franja, sem muito sucesso.
Ele ainda tentava ajeitar Franja quando Mel e Gigi chegaram.
- Oh, mon amour, por que o privilégio deste convite?
- Vou precisar de você, Gigi... Talvez essa sua capacidade de... Anh... Conquistar os homens me seja útil. Topa?
- U-lá-lá! Onde eu subo?
- Bom, eu estava pensando em você e a Mel irem no meu cavalo e eu na Franja... Mas a Franja não me aceita.
Nisso, Mel deu um passo pra frente e fez carinho em Franja. Os olhos da menina brilharam e ela sorriu.
Segundos depois Mel estava montada em Franja e Gigi e Ben no cavalo deste. Iam na maior velocidade que podiam em direção ao esconderijo dos bandidos.
Pararam um pouco antes de chegarem no lugar desejado para passar o plano.

Cáp. 18

Joe olhou rapidamente pra porta, achando que veria os bandidos, mas não viu ninguém menos que Ben Goldy, que parece não ter visto a moça.
“O que Ben está fazendo aqui?”
O rapaz não olhou para ninguém na taberna e andou em direção a dançarina francesa. Abraçou ela como se fossem velhos amigos. Joe achou a cena nojenta e pediu a bebida mais forte que o barman tinha, que até os bêbados evitavam tomar, a “diabo no paraíso”.
Ben não reparou que Joe estava na taberna durante a tarde inteira. Depois da quarta dose da “diabo no paraíso”, quantidade que nenhum outro homem havia tomado naquele bar, ela foi cambaleante pra saída da taberna.
“Tenho que ir pra casa...”.
A garota estava tropeçando nas palavras e seus reflexos estavam nulos.
Quando ela estava passando pela porta da taberna, Ben a avistou. Com uma rápida olhada ele percebeu que ela havia bebido. Mas a Joe era forte, quanto ela teria bebido pra chegar nesse ponto?
O que ele não viu é que assim que Joe pisou na rua, Calvin amarrou ela, jogou ela em cima do cavalo e foi com a garota pra casa.
Enquanto isso, Ben se soltou da francesa Gigi e foi falar com o barman. Na realidade ele levou o barman pra um canto, sacou a pistola e perguntou pra ele o que ele havia dado para a garota com roupas de cowboy.
- Entreguei a ela apenas o que ela pediu, juro, senhor!
- E o que ela pediu? – A pistola estava cada vez mais assustadora pro barman.
- A g-garota bebeu quatro “diabo no paraíso”.
A fúria de Ben cresceu de um modo assustador. Se ele não precisasse de mais informações do barman, era capaz de mata-lo naquele instante.
- Porque embebedou a garota?
- E-ela que pediu, juro!
- Amigo... Eu estou armado e muito irritado. Não é prudente mentir pra mim.
- C-certo, senhor... Me pagaram pra embebedar a tal “Joe” para ajudar em um seqüestro.
- Seqüestro? Quando?
O barman riu, deixando a mostra seus dentes podres, se contasse a resposta, Ben mataria ele de qualquer forma, queria ter o gostinho de morrer mas ferrar alguém.
- Te encontro no inferno. – O tiro perfurou a nuca do velho.

Ben correu pra casa, esperando encontrar Joe lá. Se Joe estivesse normal seria muito difícil de ser seqüestrada. Mas, bêbada, ela não era ninguém.

Cáp. 17

- Bom dia. – Ela disse, logo antes de soltar um bocejo e recomeçar a tremer. Ben apenas soltou um resmungo, o rapaz estava olhando pro nada. O jeito relaxado dele não era visível.
- Onde está a morcega... Digo, a Mel?
- Não sei. – A voz dele foi fria. Joe desistiu de tentar conversar com ele. Porque Ben estava assim?
Ela levantou, pegou seu chapéu e sua espada e se dirigiu a porta.
- Estou saindo. Obrigada pela casa, Ben. – Ela deu um último olhar triste ao rapaz, que não respondeu, e saiu cidade afora, o chapéu pendurado pra trás, com a corda no pescoço. A chuva estava muito forte, mas ela não se importou, iria achar os assassinos do pai. Já estava muito atrasada.
E que lugar melhor pra achar assassinos do que a taberna? Foi pra lá que Joe se dirigiu.
Como sempre a taberna estava cheia. Em dia de chuva ou sol os bêbados e as prostitutas iam pra taberna. Joe invejava a disposição dos moradores de Elpah.
Assim que entrou na taberna, uma dançarina loira, com o cabelo armado e o vestido amarelo todo emperiquitado, veio em sua direção.
- Oh, mon cherry... Peço desculpas, mas não é permitida a entrada de mulheres aqui... – Ela olhou Joe de cima a baixo, falando sempre em tom de deboche. – Mesmo mulheres vestidas de homem.
Joe ergueu uma sobrancelha e sua mão dirigiu lentamente até sua espada, o olhar da dançarina acompanhando.
- Você vai descobrir que é permitido sim. – Joe sorriu. A dançarina fez uma cara feia e voltou a servir os homens.
Joe foi andando em direção ao balcão, sentou-se, colocou uma moeda de ouro na mesa e pediu uma bebida. Quando o barman a serviu (com uma certa curiosidade), ela o puxou para um canto e tentou colher umas informações.
Depois de um tempo de conversa, Joe ficou radiante em descobrir que suas vítimas estavam em Elpah, escondidos em algum lugar por aí. Também descobriu que eles vinham constantemente pra taberna, então era possível que hoje mesmo ela conseguisse vingar o pai e ir viver sua vida.
O que Joe não sabia é que ela estava em desvantagem de informações. Mel havia alertado Bóris e Calvin de tudo e eles estavam preparados pra Joe. Mas a garota pouco sabia dos bandidos.
Passou algum tempo na taberna apenas olhando sua população e encarando a tal dançarina francesa, que volta e meia olhava pra ela e ria, até que a porta da taberna abriu.

Cáp. 16

Por muito tempo essa tática deu certo, mas agora tudo foi por água abaixo, e tudo por causa daquela garota intrometida.
Agora Ben precisava se preocupar com Bóris, Calvin e ainda Joe. Só que Joe também quer matar Bóris e Calvin. E alguém teria que matar Joe!
“Meu irmão nunca iria matar aquela magricela. Está na cara que ele gosta dela, apesar de que nem ele percebeu isso ainda”.
E então ela teve a brilhante idéia. Era madrugada e estava chovendo, mas ela não se importava. Sabia onde encontrar salvação.

Parou em frente à porta desejada. Quando se é garota de rua você sabe de coisas que nem mesmo as pessoas importantes sabem. Bateu na porta, sem resposta. A chuva estava aumentando, ela bateu na porta de novo, uma voz veio de lá dentro.
- Quem está aí? – A voz era ríspida e rouca.
- Sou a irmã de Ben Harper. – Ela disse, decidida. Estava com medo, mas queria salvar o irmão e faria tudo o que fosse possível.
A porta se abriu com um estrondo e ela logo viu Bóris em sua frente. Ele puxou a garota pra dentro da casa, mas sem ser brutal.
- E então... O que a irmã do nosso querido Ben Harper faz em uma noite chuvosa por aqui? – Ele perguntou, com o tom de voz mais suave que conseguia.
- Vim fazer um acordo.
Calvin, que estava polindo sua espada no quarto, se aproximou curioso.
- Um acorrdo? Há! Temos aqui uma garrotinha esperrta, non? – Seu sotaque carregado lhe era característico. – O que querr negociarr?
- Quero que deixem meu irmão em paz. – Ela olhou fixamente pra Bóris, tentando não tremer. Ele começou a rir.
- Ora, essa é uma exigência muito cara, garota. O que tem em troca da vida do seu irmão?
- A filha do xerife Saff Morgan. – Ela deu um sorriso ao ver que a espada de Calvin caiu no chão. O acordo estava feito.

Joe acordou com um trovão. Já estava clareando o dia, ou pelo menos era pra estar, caso o céu não estivesse repleto de nuvens negras. Levantou-se.
Estava tremendo de frio, já que suas roupas foram preparadas para o calor do deserto, não para as chuvas de Elpah.
Pelo menos o ferimento em seu braço estava, finalmente, curado.
Foi pra sala e encontrou Ben sentado em uma cadeira, sentou-se do lado dele.

Cáp. 15

- E-então ela é uma espiã, certo? Ela se aproximou de você pro pai dela te prender, não é, Ben?
- Não, Mel, me escute... Ela está aqui pra vingar o pai dela. Eu não sabia quem era o pai dela até ontem, mas então vi o chapéu dela, que por acaso pertenceu ao pai.
- Tá, mas quem é o pai dela? – Mel perguntou, o medo estampado no seu rosto.
Ben esperou uns segundos pra responder, então baixou o rosto, encarando o chão, antes de responder.
- Saff Morgan.
Mel arregalou os olhos e saiu correndo, ao mesmo tempo em que começava a chover na pequena e movimentada cidade de Elpah.

A chuva molhava as Marias-chiquinhas ruivas de Mel ao mesmo tempo em que as lágrimas molhavam seu rosto.
A garota correu em meio à chuva até não poder mais avistar a própria casa. Não sabia pra onde ir, mas não queria voltar e encarar a verdade. Sentou-se em um pedaço de madeira no chão enlameado.
Perdeu o pai, a mãe... Agora iria também perder a única pessoa que restava.
Ben havia sumido por anos, sempre escapando da garra dos antigos companheiros por um fio.
Ela se lembra bem. Tinha apenas cinco anos quando aconteceu. Estava deitada em seu quarto quando ouviu os gritos.
Depois da morte dos três xerifes mais famosos do Faroeste, Ben não queria mais viver como assassino. Depois que perdeu os pais em um acidente de trem, ele passou a pensar como a família dos xerifes deveria se sentir a cada morte. Mas sair de um grupo de assassinos não é tão fácil quanto entrar. Ele havia levado seus companheiros, Bóris e Calvin, a sua casa para comunicar a sua decisão.
Mel lembra de ter sentido um calafrio quando o irmão contou-lhe da decisão que iria tomar. A garota tinha medo dos companheiros do irmão. Mas não era pra menos. Bóris era um homem de sobrancelhas cerradas, cabelo curto e negro e olhos penetrantes. Ele tinha uma capacidade de enganar incrível. Calvin era loiro, de olhos azuis e sotaque carregado. Calvin era bom com armas.
Ela estava dormindo quando Ben contou aos companheiros sua decisão, mas acordou com os gritos raivosos de Bóris e com os tiros pro alto que Calvin deu.
A partir daquele dia eles juraram que se Ben não voltasse atrás com a idéia absurda de sair do grupo, eles iriam até o fim do mundo para matá-lo.
No dia seguinte Ben fugiu. Passou anos fora de Elpah para que eles não fossem atrás de Mel e de seus amigos.

Cáp 14.

Joe passou horas tentando arrumar um modo de sair da casa. Xingou Ben internamente o dia inteiro. Eles estavam de palhaçada com ela, só podia ser isso! Primeiro ter a bolsa roubada por uma pirralha que achava que Joe iria roubar o irmão pra sempre, depois ser trancafiada dentro de uma casa por um ladrão, sendo que tinha muito que fazer.
Sentou-se em posição de índio no meio da sala, emburrada. Ficou uns minutos pensando e resolveu ir dormir. Não tinha mais o que fazer, não adiantava ficar acordada a noite inteira esperando o traidor do Ben. Deitou-se e dormiu em menos de cinco minutos.
Era mais de duas da manhã quando Ben destrancou a casa, silenciosamente. Para o rapaz que havia saído animado da casa, ele estava com uma expressão muito preocupada. Dirigiu-se a um móvel da sala, abaixou-se e tirou dele uma caixa.
Sentou-se ao lado da caixa e começou a tirar um monte de objetos dela. Em poucos segundos o chão perto dele estava repleto de armas, fotografias antigas, manuscritos velhos, entre outros objetos.
Do fundo da caixa Ben tirou um pacote bem embrulhado, porém coberto de pó. Não mexia naquela caixa desde que saiu de Elpah.
Ouviu um barulho. Correu para a porta da casa, com armas em mão, pra ver o que estava acontecendo. Suspirou quando viu que era apenas Mel, que tinha voltado pra casa cheia de moedas de ouro.
- Porque você ainda está acordado, Ben? – Mel perguntou, franzindo as sobrancelhas.
Então Mel colocou a cabeça pra dentro da casa e viu tudo espalhado no chão. Imediatamente a garota começou a chorar.
- Oh, Ben! Você me prometeu que nunca mais iria abrir essa caixa! Você me disse que estava arrependido, Ben! Você prometeu!
- Psiu, quieta, Mel! – Ben tapou a boca da criança, delicadamente, e a levou pra dentro da sala. As lágrimas ainda corriam soltas pelo rosto da ruiva, mas ela estava mais controlada.
- Ben, você prometeu... – Ela soluçou.
- Eu sei, Mel, mas escute... Eu não estaria vendo tudo isso de novo se não fosse necessário!
- Mas porque é necessário? O que tá acontecendo?
- Mel... Eles me acharam. – Ele deu um longo suspiro, ao mesmo tempo em que a menina soltava uma exclamação de desespero. As lágrimas caiam com mais intensidade pelo rosto dela.
- M-mas como? Você passou anos fora, Ben! Eles nem sabiam se você estava vivo! Como te acharam? É impossível, Ben!
Ben estava ajeitando os pensamentos em sua cabeça. Como contar a uma criança sem que ela saísse gritando por aí?
- Mel... Essa garota que está aqui em casa, a Joe... Ela é filha de um xerife.
Mel tapou a boca com as mãos, seus olhos arregalados.

Cáp. 13

- Muito bem... Alguma das senhoritas pode me explicar o que aconteceu por aqui?
- Fui dar um passeio e quando voltei essa endiabrada tava roubando minha bolsa. – Joe ainda estava muito irritada. Odiava que encostassem em sua bolsa. Todo o dinheiro que arrecadou por anos estava lá, inclusive os cartazes com a foto dos assassinos do pai. Mel apenas abaixou a cabeça, brava. – Posso matar ela agora ou tenho que esperar você permitir, mestre?
- Você não vai encostar em mim porque o Ben vai acabar com você! – Mel ria, satisfeita. Tinha um guarda-costas, pra quê se preocupar com uma garota?
- Oh, claro. É agora que eu devo ter medo, pirralha?
- Se tem amor a vida, bruxa, sim!
Ben se levantou, autoritário. Elas estavam cansando ele, que virou a noite na taberna resolvendo uns negócios e reencontrando uns amigos.
- Chega, vocês duas. Joe, essa garota é a minha irmã mais nova, pelo amor de Deus, tente manter a harmonia com ela... – Joe arregalou os olhos à medida que Ben falava. Irmã? O forasteiro nunca tinha falado de família. – E Mel, a Joe é uma amiga que vai ficar aqui por uns dias.
- Ela não quer ser só sua amiga! – Mel reclamou, indignada. Joe, que ainda estava em choque com a idéia do ladrão solitário ter família, engasgou, ao mesmo tempo em que ergueu a cabeça rapidamente, a face totalmente vermelha. Que idéia absurda, a dessa garota! Ben riu.
- Com certeza ela não quer ser só minha amiga. Com certeza ela ficaria muito mais feliz sendo minha assassina. – Ele foi andando até a porta. – Agora, se me permitem, tenho uns negócios para resolver. Mel, venha comigo, por favor.
A ruiva se levantou e saiu da casa sem olhar pra Joe, que revirou os olhos.
- E eu vou dar uma saída e ver se descubro umas coisas. - A garota se levantou e fez menção de sair.
- Joe, quero te pedir desculpas...
- Pelo quê? – Ela ergueu uma sobrancelha.
- Por isto. – O rapaz fechou a porta na cara da garota, trancando-a dentro de casa. Podia ouvir ela esmurrando a porta com o braço bom. – Você não pode sair, seu braço está muito ruim! Desculpa, Joe... Volto mais tarde.

Cap. 12

Decidiu voltar pra casa dos amigos de Ben, o sol já havia esquentado bastante Elpah e ela não queria fritar debaixo dele.
Chegou em frente à casa e entrou, porém, quando estava entrando no quarto em que havia dormido, deu de cara com uma garota, que se assustou e saiu correndo.
Pelo que Joe pôde ver da criança, deveria ter uns dez anos, tinha o cabelo alaranjado preso em uma Maria-chiquinha curta, e usava também um vestido marrom e simples. Seus olhos eram verdes, iguais os de Ben. Ela saiu correndo levando uma bolsa.
Joe ficou parada por cinco segundos antes de entender o que havia acontecido. Então, com um estalo, ela voltou a si e saiu correndo atrás da garota.
- Ei, ei, ei! Minha bolsa! Volta aqui, sua pequena morcega! – Gritou.
A criança era bem rápida, parecia ter experiência nisso. Joe estava se xingando por dentro, poderia ter pegado a Franja, mas, no choque, nem pensou nisso. De qualquer forma, Joane estava alcançando a menina.
A menina havia feito uma curva brusca em uma estaca de madeira presa no chão, Joe fez o mesmo. A essa altura toda a rua tinha parado pra presenciar a perseguição e já tinha gente fazendo apostas. A maioria da rua apostava no “moleque magricelo” com o braço enfaixado, mas parecia que a garotinha de cabelos alaranjados estava levando a melhor, por conta do tamanho e do braço enfaixado de Joe.
A bagunça na rua estava geral, os homens da taberna gritavam palavras de incentivo pra quem apostavam, as mulheres davam gritinhos ensurdecedores e as crianças aplaudiam a cada queda e curva que uma das duas dava.
Ben, que estivera nesse tempo todo se embebedando na taberna, saiu para ver o que acontecia. Seus olhos se arregalaram ao ver a cena.
A garota ruiva estivera olhando pra trás enquanto corria, pra ver se Joe estava alcançando ela, e bateu diretamente com Ben, caindo no chão.
- Ben! – Assim que a ruiva viu quem era, levantou e correu pra trás do garoto, se protegendo. Quando Joe se aproximou, esbaforida, a ruiva mostrou a língua.
- Eu quero a minha bolsa agora. A não ser que você queira que eu leve a sua mão junto, sua morcega. – Joe fuzilou a garota com o olhar. A ruiva tremeu.
- O Ben não vai deixar você me machucar! – Ela deu um pequeno empurrão em Ben.
O rapaz, que estivera olhando tudo com um meio-sorriso, se ajoelhou, até ficar da altura da criança, e estendeu a mão.
- Mel, a bolsa, por favor. – Ele falou no tom mais gentil que conseguiu.
- Você tá do lado dela, é? Passa anos fora e depois volta com uma assassina de encosto? – A garota, Mel, entregou a bolsa pra Ben, emburrada. Ben devolveu pra Joe, também emburrada.
As duas estavam se encarando. Ben não se surpreenderia se raios saíssem dos olhos delas.
A multidão, que estivera aguardando ansiosamente o fim da disputa, foi se dispersando desapontada. Logo as ruas já estavam normais de novo. Ben levou as duas garotas pra casa em que estavam.

Capítulo 11

O sol já estava alto quando Joe acordou. A garota levantou e foi direto pro banheiro tomar banho. Era a primeira vez em meses que ela tinha conforto e queria aproveitar.
Saiu do banho e migrou pra cozinha, mas não conseguiu preparar nada devido ao braço enfaixado. Então se lembrou de que não havia visto Ben ainda. Colocou o rosto pra fora da janela e deu uma boa olhada na vizinhança. Era um local agitado e, pelo que ela podia ver, era vizinho a um Cassino e na frente de uma taberna.
“Tenho que me lembrar de agradecer o Ben por ter enfaixado meu braço.”.
Mas onde estaria Ben? Ele não deixou nada que mostrasse onde ele foi. Resolveu dar uma volta por Elpah pra ver se o encontrava. Quem sabe também não se encontrava com os assassinos do pai?
Pegou o chapéu e a espada e saiu. Elpah era estranhamente cheio pra um vilarejo pequeno, era ainda cedo e a taberna já estava cheio de homens. Era realmente esquisito como as únicas mulheres em tabernas eram dançarinas e prostitutas. Joe continuou a andar. Passou pelo Cassino fechado, pelo mercado, por casas e pela delegacia, que acabou entrando.
- Posso ajudar, senhor...? Perdão, senhorita. – O xerife perguntou, logo que entrou. Era um senhor baixo e com uma barriga saliente. Os poucos fios de cabelo branco estavam escondidos pelo chapéu.
- Oi, eu sou Joe Morgan. Vim de Cidmay procurando três homens que estiveram há tempos por lá. Pensei que talvez o senhor pudesse me ajudar... – Os olhos de Joe brilhavam.
- Sinto muito, srta Morgan. Sei quem é você e também sei que procura os assassinos do seu pai, Saff Morgan. – Quanto mais ele falava, mas os olhos de Joe se arregalavam. A garota tremia.
- Mas...
- Porém, como pode ver – Ele apontou pra trás de Joe, onde tinha uma foto com dois dos bandidos assassinos do pai. O garoto do punhal não estava na foto. – Sabemos tanto quanto a senhorita. Eles são astutos como uma raposa. Vem aqui somente às vezes e saem antes que eu descubra a casa onde ficam.
Toda a esperança que Joe havia cultivado ao longo desses anos acabara. A garota agradeceu e foi embora.

Capítulo 10

- Ninguém mandou me assustar. – A garota se sentou, ainda meio tonta, porém sorrindo.
- Sou tão feio assim? – Ele deu um sorriso. – Você está bem?
- O que aconteceu depois daquele ataque covarde daquele filho d...?
- Ah, depois de um ato totalmente heróico do Ben aqui, achei você caída no vagão... O cara que atirou em você foi devidamente morto, não se preocupe. E então eu salvei você. – Essa última frase foi dita em tom de deboche. – Me deve uma.
- Já te dei o que você merece quando acordei. – Joe tentou se levantar, mas quase caiu. – Afinal, onde estamos?
- Em Elpah. Na casa de uns conhecidos.
- Ladrões? – Joe ergueu uma sobrancelha.
- Não, gente honesta.
- Ah, existe gente diferente de você? – Ela sorriu e tentou se levantar novamente.
Ben levantou pra ajudar ela e conseguiu.
Foram dormir. Os dois passaram alguns dias na casa desses amigos do Ben, que nunca apareciam. Embora Joe odiasse admitir, era ótimo ter companhia de vez em quando.
A garota gostava de chamar Ben de forasteiro e de agir como se ele atrapalhasse. Era bom pro ego dela. Estavam ficando próximos, mas Joe ainda não havia esquecido a missão que carregava.
- Amanhã mesmo vou embora. – A garota disse.
Ben olhou pra ela, surpreso.
- Ah, não vai não. Você ainda está com o braço machucado.
- Não posso ficar muito, forasteiro. Eu tenho uma missão a cumprir e pretendo fazê-la sozinha!
Ben deu de ombros.
- Você que sabe, Joe... Mas, se me permite perguntar, o que veio fazer em Elpah?
Joe olhou fixamente pra Ben por cerca de cinco segundos antes de responder.
- Vim vingar meu pai. – Com um aceno de cabeça Joe entrou no quarto.
Já eram três da manhã quando Ben resolveu parar de pensar e ir pro quarto. As palavras de Joe dizendo que ia embora ecoavam na cabeça dele. Por que se importava tanto com uma garota incomum que mal conhecia?
Entrou no quarto e viu a garota deitada em uma das camas, o chapéu preso no pescoço. Tirou dela e pendurou-o na cabiceira da cama, então reparou que dentro do chapéu tinha um nome escrito: Saff Morgan.

Capítulo 9

- É um prazer negociar com você, Leão. – Riu “Piolho”. – É o seguinte. O chefe descobriu uma antiga equipe de ladrões em Elpah... E você sabe como ele odeia concorrência. O fato é que esses ladrões andavam sumidos e agora voltaram a tona.
- E o que o trem tem haver com isso? Se for só pra matar os caras poderíamos ir com os cavalos.
- Aí que está, meu amigo. O chefe não gosta de nada discreto, gosta? Ele quer matar todos no trem, roubar tudo que puder e sair do trem... Porém não antes de tirar o trem dos trilhos e direciona-lo direto pra Elpah. Vai ser um milagre se alguém sobreviver por lá! - Leão riu, antes de levar um tiro na cabeça, segundos depois o alvo foi Piolho. Dois a menos.
Ben se levantou e se espreguiçou, foi correndo pro vagão da frente, precisava chegar no maquinista e avisar do desvio. Precisava parar o trem o quanto antes.

Joe já havia dado conta dos dois homens com quem lutou. Na verdade a garota estava já de saco cheio deles falando pra ela desistir que jogou um deles pela janela, que segurou o outro e o levou junto.
Ela já havia ido até o final do trem, sem encontrar ninguém, agora estava voltando pra encontrar “aquele ser desprezível que ela concordou ajudar”.
Havia passado pelo primeiro vagão que entrou e quase vomitou ao ver que a poça de sangue que tinha lá havia secado e virado uma massa nojenta.
Foi pulando de vagão pra vagão, até que chegou em um vagão trancado. Chutou a porta e ela nem se mexeu.
- Ah, droga... Vou ter que subir e pular por este.
Ela subiu as escadas e se equilibrou em cima do trem, o que era difícil devido a sua velocidade. Agachou-se e conseguiu chegar ao outro lado do vagão, então desceu as escadas. Tentou abrir a porta deste lado, também estava trancada.
- Tem alguém ferido aí? – Ela gritou e, pra surpresa dela, obteve uma resposta.
- Socorro... – Alguém falou, com a voz rouca, de dentro do vagão.
- Você está bem? Consegue abrir a porta pra que eu o ajude?
Ela ouviu o barulho de um trinco se abrindo, mas a porta estava emperrada.
- Se afaste que eu vou chutar a porta. – E foi o que Joe fez. Mas antes que ela pudesse ver o que havia dentro do vagão, levou um tiro no braço. Tudo ficou escuro.

Abriu os olhos mas não via nada, estava tudo escuro. Piscou.
Um homem... Decididamente era um homem. E, por acaso, estava mais perto do que ela permitia. Deu-lhe um soco.
- Auch! Por Deus, Joe! – Ben massageou o rosto. – Eu aceitaria um “obrigado”!

Capítulo 8

Não precisara chutar a porta deste, já que estava arrombada. Entrou, mas não antes de esconder a espada consigo.
Havia três homens no vagão. Um no chão, com a cabeça ao lado, cortada. Os outros dois olhavam pra Joe, sorriso no rosto.
- Ora, ora, que conveniente... Uma clandestina. – Um dos dois disse, o sorriso ainda maior. – Mostre pra ela o que fazemos com clandestinas, Juan.
O outro homem, Juan, entregou seu chapéu para o amigo e andou calmamente em direção a Joe, espada em mãos.
- Dois homens armados contra uma moça indefesa... – Joe tinha um meio-sorriso no rosto. A mão já preparada pra pegar a espada escondida. – Acho que vocês vão me matar, não é?
- Terminamos com esta epoca, señorita. Nuestros planos mudaram muy. – Juan se aproximou mais de Joe. A mão da garota se aproximou ainda mais da espada.
- O que Juan quer dizer, cara senhorita... É que hoje em dia vemos mais nas mulheres do que sacos de pancada.
- E isso quer dizer que...?
- Que garotinhas bonitas não devem se meter em nosso caminho, a não ser que queiram... Como eu posso dizer? – Ele deu um sorriso debochado. – Que queiram ser usadas, digamos assim.
- É agora que eu devo ter medo? – Joe riu, no mesmo instante que Juan correu em sua direção. A garota tirou a espada e travou um duelo contra os dois, ao mesmo tempo.

Enquanto isso, Ben procurava o resto do grupo no outro lado do trem. Já havia vencido um que estava sozinho, no vagão anterior.
Ouviu dois homens conversando, entrou no vagão e se escondeu atrás de dois bancos.
- Não entendo o que o chefe viu nesse trem em especial.
- Ora, Leão... O chefe tem mais motivos do que podemos imaginar.
- Ah, como se você soubesse algum desses motivos, não é, Piolho? – Riu um deles.
- Na verdade eu sei sim. Mas fui incumbido de não abrir o bico.
As costas de Ben já doíam. Mas ele não podia se mexer sem fazer barulho. Também não conseguia ver o que se passava, podia apenas ouvir.
- Bem, talvez algo que eu tenha possa fazer você falar... – A voz do homem de apelido “Leão” era irônica.
- Você está falando daquele vestido cheiroso que você roubou da nossa última “carne”?
- Exato, meu caro amigo. Só me contar o que sabe e ele é seu.

Capítulo 7

- Anh... É. Você topa?
- Não vou fazer isso por você, mas vou fazer pelas pessoas no trem. – Ela deu de ombros e cavalgou cada vez mais rápido e direção ao trem.
Ben, que havia parado pra esperar uma resposta da garota, ergueu as sobrancelhas. Não esperava que a garota fosse aceitar. Na verdade ainda estava se acostumando com a idéia de que uma garota cavalgasse!
Foi só quando ele percebeu que Joane era um pontinho preto chegando perto do trem que ele voltou a cavalgar, o mais rápido possível.

Joe já avistava os cavalos correndo, sozinhos, ao lado do trem. Com certeza os sangues já estavam dentro do trem. Ela só esperava que eles ainda não tivessem assassinado ninguém.
- Vamos, Franja... Acelera agora pra que eu possa pular no trem. Depois tente acompanhar o trem pra quando eu precisar voltar, certo? – Ela deu um tapinha carinhoso no focinho da égua, que acelerou, permitindo que Joe pulasse.
Estava dentro do trem, no vagão de bagageiro. Podia ouvir gritos vindos do vagão seguinte e foi pra lá que se dirigiu, chapéu no rosto e espada na mão. A pistola estava com Ben, mas não ia esperar ele chegar pra começar.
Pulou pro vagão de onde vinham os gritos, abriu a porta com um chute, mas não viu ninguém, apenas uma poça de sangue em um dos bancos. Xingou e começou a ir pro vagão seguinte.
Ela já podia ouvir Ben pulando de vagão pra vagão, parou entre um vagão e outro, o vento batendo no rosto. Ben viu a garota e correu em direção a ela.
- Acho melhor você ficar com a pistola.
Joe se segurou na escada, já que ela estava em pé em um pedaço de ferro que prendia os dois vagões. Olhou emburrada para Ben, antes de responder.
- Não preciso da sua ajuda. Pode ir com sua pistola e sua espada, me viro com minha espada.
O trem deu uma mexida brusca e Ben segurou Joe, pra que ela não caísse.
- Ah, se vira sozinha, estou vendo. – Ele deu um sorrisinho singelo.
Ele só teve tempo de sair correndo, rindo, quando Joe pegou a primeira coisa que viu na frente e atirou nele. Cada um foi pra um lado do trem.
Joe colocou o rosto colado à porta do vagão. Ouvia os gritos, desta vez era o vagão certo. Chutou a porta e, com o estrondo, viu que todos olhavam pra ela. Só havia vítimas. As vítimas brigavam entre si, mesmo com os braços amarrados. Era notável o desespero no rosto delas.
- Fiquem a vontade, senhores. – Joe ergueu uma sobrancelha e passou reto, pulando pro outro vagão.

Capítulo 6

- Parece que nossos caminhos são os mesmos. Vou com você.
Joane desmontou do cavalo, indignada. O rosto de Ben trazia um discreto sorriso, que não aparentava que ele estava brincando. A garota deu um sorriso cínico, mas estava ficando irritada.
- Não me lembro de dizer que poderia vir comigo.
- Ora, Joe! Com companhia será bem mais divertido...
- E demorado. – Cortou Joane.- Primeiro, vamos deixar umas coisas bem claras aqui: Você é um bandido, vá achar seus amiguinhos do crime! E meu nome é Joane. Ah, e também não somos amigos.
- Não pode impedir que eu a siga. – O sorriso de Ben ficou maior, mas não tinha deboche nele.
- Tenta a sorte. - Joane apenas deu uma piscada pra ele, com um sorrisinho no rosto, e disparou com Franja pelo deserto.
- O cavalo dele nem com sela estava... Nunca vai me alcançar. – Joane divertia-se, apenas pensando.
Uma nuvem de poeira passou por ela. Por um momento ela pensou que Ben havia conseguido alcança-la, mas estava enganada.
A poeira baixou e Joane os viu. Eram sete homens, todos com o rosto coberto por lenços. Eles passaram reto por Joane e foram em direção ao trilho de trem que havia por aquelas bandas. O trem iria passar em instantes. Demorou alguns segundos pra Joane reconhecer o famoso grupo de assassinos, conhecido como “sangues”. Matavam por prazer e tinham um interesse especial por bebês e mulheres.
- Para uma garota, você é bem desleal. – Ben havia alcançado Joane, que estava em estado de choque. – Joe, o que houve?
Joane respondeu, sem olhar pra Ben.
- Eles estão seguindo o trem... Vão matar todos. – Joane olhou pra Ben.
O que Joe não esperava era que o rosto de Ben se abrisse em um sorriso e que ele cavalgasse em direção ao trem, sem antes gritar um “O que está esperando? Vamos!”.

“Esse cara é louco”. Foi o pensamento de Joe, quando viu a nuvem de poeira que o cavalo de Ben fazia se afastar.
Joe não pretendia morrer por um assaltante, mas acabou alcançando ele quando ele estava perto do trem.
- Achei que você havia desistido! – Ele gritou do seu cavalo, quando Joane se aproximou. – Eles já entraram no trem... Se não quiser não precisa me ajudar.
- Só quero ver se eu entendi... – Ela gritou, cavalgando o mais rápido possível em direção ao trem – Você pretende que nós dois lutemos contra vários ladrões armados tendo apenas duas espadas e uma pistola?

Capítulo 5

E antes que o rapaz conseguisse entender o que havia acontecido, Joane jogou ele contra a parede da casa abandonada e colocou a própria espada de forma ameaçadora no pescoço dele.
- Bom, se o senhor quer lutar injustamente... - O rapaz, já irritado, puxou uma pistola e apontou para o pescoço de Joane.
Joane deixou a espada cair, simbolizando desistência. Era isso ou levar um tiro, e ela não estava disposta a morrer.
- Ora, ora... Parece que eu perdi. - Joane ajeitou o seu chapéu, que deixou de deixar a mostra somente a boca e passou a mostrar seu rosto. O rapaz soltou Joane e deu alguns passos para trás, perplexo.
- Uma moça! Senhorita, mil perdões! É claro que eu não posso levar o seu cavalo! Peço desculpas. – Cavalheirismo era muito frisado naquela época e só os bandidos mais nojentos não eram cavalheiros.
- Tivemos um duelo e o senhor ganhou. Deve levar sim meu cavalo. Insisto para que monte nele. - Joane deu um leve empurrão no rapaz, em direção ao cavalo.
Vendo que não tinha escolha, ele se aproximou de Franja e montou na égua. Se vocês se lembram, Franja, como uma boa égua selvagem, só permitia que uma pessoa montasse nela, e essa pessoa decididamente não era o rapaz que venceu sua dona. O homem ficou dois segundos na égua, antes da mesma derrubar ele em um monte de areia.
Rindo, Joane foi ao encontro do rapaz e estendeu a mão, para ajuda-lo a levantar.
- Peço desculpas, mas não iria entregar minha égua de mãos beijadas pra um bandido. - Joane deu uma risada. - Qual o seu nome, forasteiro?
- Ben. Meu nome é Ben. E o da senhorita? – Ele se levantou. Como perdera para uma mulher?
- Joane. Vou te arranjar um cavalo. Tem uma vila aqui perto. Volto logo.
- Só um momento, moça! - Ben segurou o braço de Joane. - Se vai ser meu cavalo, acho que eu devo rouba-lo.
Joane sentou no chão com as pernas cruzadas e uma expressão emburrada. Quem ele pensava que era? Ela podia muito bem roubar um cavalo!
Antes que ela percebesse, Ben já havia sumido. Dez minutos mais tarde o rapaz havia voltado com um belo cavalo preto e uma expressão de superioridade a tiracolo.
- Pronto, já tem seu cavalo. – Joane, ainda ofendida, montou em Franja. - Tchau.
- Você mora aqui, senhorita? – Ben apontou para o barracão abandonado.
- É claro que não. Só estou de passagem, pretendo seguir meu rumo hoje mesmo.
- Pra onde vai?
- Pra longe. E você está me atrasando. – Joane revirou os olhos. Era verdade, já que para chegar em Elpah precisaria ao menos tomar um trem.

Capítulo 4

Ainda era madrugada, mas o calor já predominava. Não era muito difícil fazer tanto calor, já que Joane se encontrava em uma casa abandonada no meio do deserto.
A garota estava montada na Franja, mas de costas. Era um jeito prático de dormir sem ter lugar. Ficar dentro da casa que arrombou era uma idéia idiota. Iria fritar lá!
O sol já estava nascendo e Joane teve que colocar o chapéu na cara e prender os cabelos com cipós secos, pra poder dormir mais um pouco sem morrer de calor. Estava bastante cansada, teve que rodar por vários dias até achar um local pra dormir, ainda assim em condições precárias.
Conseguiu achar uma posição em que as costas não doessem tanto, colocou o chapéu na cara e foi pro seu merecido descanso.
- Nada vai me impedir de tirar uma soneca agora. - Pensou ela, com um bocejo. - No meio do deserto, a chance de alguém chegar é mínima!
Relaxou, mas por menos de cinco minutos.
- Sinto interromper seu sonho, meu senhor. Mas é um caso de força maior. - Foi a voz masculina que acordou Joane. Sei que vocês devem ter estranhado o “senhor” falado pelo homem branco, de cabelos encaracolados e barba rala. Deixe-me explicar: naquela época, era praticamente impossível se ver uma garota usando algo que não fosse um vestido. Mais difícil ainda era ver uma garota usando chapéu. E era realmente impossível ver uma garota cavalgar. Portanto, vocês hão de concordar comigo, o homem tinha toda razão pra confundir Joane com um homem. E ela tirou proveito disso, por diversão.
Joane desmontou de Franja, sem falar nada, com o chapéu deixando a mostra apenas seu queixo, pois a sombra que ele fazia deixava impossível ver o rosto.
- Sinto ter que abandonar o senhor nesse deserto, mas preciso de um cavalo e, na falta de dinheiro, pretendo roubar o seu. - O homem disse, em um tom que misturava a suavidade e a simplicidade, como se roubar fosse a coisa mais natural do mundo.
Joane esboçou um pequeno sorriso e levou a mão à espada. O homem entendeu logo o que isso queria dizer e puxou a dele também. Travariam um duelo pela égua.
Não vou descrever perfeitamente como foi, até porque é impossível descrever com perfeição um duelo de espadas. O que posso dizer é que estavam achando dificuldade para desarmar o outro.
Joane não sentia necessidade de matar o rapaz com quem duelava, mas não queria dar brechas para que ele fizesse isso. O rapaz tentou acerta-la, ainda imaginando que fosse um homem, e Joana se abaixou para desviar. Em um golpe de total desonestidade, Joane aproveitou e jogou um punhado de areia na cara do rapaz.
Xingando, ele tentou tirar a areia dos olhos, mas era apenas o que Joane esperava pra conseguir jogar longe a espada dele.

Capítulo 3

Dez anos depois (e um flash back do que aconteceu nesses dez anos)

Joane não teria sobrevivido uma semana se não tivesse sorte.
Embora a garota soubesse manusear uma espada muito bem, já que fora ensinada pelo pai quando menor, os coiotes e os bandidos do Oeste iriam acabar com ela assim que a vissem.
Mas Joane era inteligente. Desde criança acompanhava o pai em suas caçadas aos bandidos. Sabia por onde eles mais andavam e também sabia onde arranjar ajuda.
O que ela fez? Joane procurou os índios.
O pai sempre a colocava de castigo quando descobria que ela havia conversado com eles. Achava os índios assassinos. Mas Joane sabia que não era verdade. Os índios sempre foram gentis com ela e só atacavam os outros por defesa.
E os índios a acolheram por quatro anos. E mais, ajudaram-na a melhorar a habilidade com a espada e arranjaram pra garota roupas de vaqueiros. Não era fácil cavalgar de vestido.
Quando o período de quatro anos acabou, Joane, com 16 anos, já tinha uma cabeça madura e decidida. Ainda estava acompanhada pela égua selvagem Franja, que não deixava que ninguém mais a montasse.
A garota rodou algumas vilas e cidade, furtando maçãs e outras frutas para sobreviver. Nos próximos três anos que se seguiriam, ela permaneceu nessa vida.

Em um dia tedioso, a garota estava sentada, encostada na parede de uma taberna, embaixo de uma janela. Com sua espada, ela afiava um pedaço de madeira, só pra ter o que fazer. Aquela vila era um porre, nada acontecia e só tinham bêbados e dançarinas de can-can. Mas foi naquela vila que Joane percebeu que sua vingança estava mais perto.
De dentro da taberna uma conversa seguia entre dois homens (provavelmente os menos bêbados do local). Joane, sentada embaixo da janela, ouvia perfeitamente.
- Soube daquele trio de bandidos que atacavam por aí faz mais de uma década? - Um deles perguntava.
- Dois adultos e uma criança, não é? Eram bem famosos uma época, mas andaram sumidos de um tempo pra cá. - Senhorita, mas uma cerveja.
- Bom, aquela criança cresceu, não? - Joane ouviu uma risada. - Pega mais um copo de cerveja pra mim também.
- Mas afinal, o que aconteceu com eles? - Um terceiro homem entrou na conversa.
- Pelo que me contaram, depois da morte dos xerifes Houffmen, Morgan e Aberas, eles migraram para Elpah, então o garoto mais novo começou a... - Um tiro interrompeu a conversa. Joane suspirou, quando esses tiros começavam, era impossível ouvir algo mais. Levantou-se.
E o último dos oito anos que se passaram foi tomado apenas por uma busca incansável pelos desertos. Mas, desde aquele dia, ela nunca mais ouviu falar dos assassinos do pai.

Capítulo 2

Um garoto de pele branca e cabelos encaracolados pretos, com mais ou menos treze anos, apareceu no beco.
Ele olhou de canto de olho pros barris onde Joane estava escondida e se virou pros dois homens. Joane deu graças a Deus que ele não a viu.
- Desculpa... Demorei pra achar meu punhal. - Ele disse, mostrando o pequeno punhal ensangüentado. - Achei ele lá no beco depois de um tempão!
- Certo, agora você já achou, seu lerdo! Vamos. - Um dos homens, o mais irritado, deu um tapa na nuca do garoto. - Não temos muito tempo.
- Certo, certo! Mas também não precisava bater tão forte! - O garoto massageou a nuca, emburrado, quando eles subiram em seus cavalos e foram embora.
Cerca de meia hora se passou até que Joane saísse de seu esconderijo. A cidade estava totalmente silenciosa, mas ela sabia que o pai estava por aí. Saff Morgan era um homem forte, não eram uns bandidinhos que conseguiriam dar fim nele.
Joane correu o mais rápido que pôde para casa, seu pai provavelmente estaria lá. Gritou pelo pai dentro de casa, sem resposta. Pegou um lampião aceso e saiu novamente.
Foi pra rua, ainda evitando olhar os corpos no chão. Gostava muito das pessoas daquela cidade e sabia que muitos amigos haviam morrido, mas era impossível um deles ser o pai, e era ele quem ela queria.
Depois de percorrer a cidade inteira em vão, a garota parou em frente ao beco escuro no qual o garoto havia saído. Entrou.
Mesmo com o lampião aceso era difícil enxergar algo no beco. Joane conseguia ver uma silhueta sentada no chão do beco e correu.
- Pai! Que bom que você está aqui! Procurei você pela cidade inteira!
Sem resposta.
- Pai? Está tudo bem?
Joane se ajoelhou e aproximou o lampião do corpo do pai. Viu a marca sangrenta de um furo na barriga dele. Um furo feito por um punhal.
Joane pegou a espada e o chapéu de cowboy do pai, montou em Franja e partiu. A garota só pensava em uma coisa: Vingança.

Capítulo 1

Em uma pequena vila no Faroeste morava uma garota, que tinha a sorte - ou o azar - de ser a filha do xerife Saff Morgan.
Joane tinha o cabelo longo e preto, mesma cor de seus olhos. Pelo clima quente de Cidmay, a vila em que ela morava, sua pele era cor de madeira.
Era o dia do aniversário de doze anos de Joane, seu pai, um dos xerifes mais respeitados do Faroeste, organizara uma grande festa em Cidmay. Joane não tinha chegado ainda e todos já estavam preocupados.
O motivo do atraso da garota era simples. Dias antes ela estava andando por um dos lados mais desertos de Cidmay, quando deu de cara com um filhote de cavalo selvagem, que estava com uma flecha perto do coração, mas não estava morto. Ela conseguiu carregar o animal com esforço e o levou pra casa, onde descobriu que era, na verdade, uma égua, cujo deu o nome de Franja.
Joane percebeu que Franja havia se curado totalmente e resolveu cavalgar com a égua, até que perdeu a hora.
Como Joane conseguiu cavalgar em uma égua selvagem, até hoje ninguém sabe. Alguns dizem que o fato da garota ter cuidado da Franja, e Franja ainda ser filhote, influenciaram bastante. Até porque Franja pareceu ter mostrado repulsa aos outros humanos que tentaram chegar perto dela.
Já se passavam de seis horas da noite quando Joane se lembrou da festa que o pai havia planejado. Sabendo que levaria uma grande bronca, a garota cavalgou na maior velocidade que pôde. Quando voltou, Cidmay estava devastada.
Em seus doze anos a garota percebeu rapidamente o que havia se passado. Seu pai, como xerife, atraia muitos inimigos para a vila.
Não era a primeira vez que acontecia, mas era a primeira vez que a garota via a vila devastada desse jeito.
Pulou alguns corpos sangrentos no chão, evitando olhar, com medo de que fosse algum conhecido. Queria apenas achar o pai.
Ouviu algumas vozes desconhecidas e se escondeu atrás de dois barris de cerveja. No momento seguinte dois homens viraram pela esquina. Os dois estavam com as pistolas em mãos e a roupa toda ensangüentada. Eram os assassinos.
- Onde está ele? Combinamos aqui! Temos que sair antes do anoitecer, a não ser que ele queira que sejamos devorados por coiotes. – Um deles disse, perceptivelmente preocupado.
- Fique trranqüilo, ele já deve estarr chegando... - O outro homem olhava pro beco sem saída oposto á esquina da qual eles saíram. - Esperre, acho que ouvi alguma coisa! Ah! Aleluia, garoto!
Nota da Autora: Desculpa a formatação, gente. Não me dou bem com o blog... Também não separei o livro por capítulos, mas tô improvisando.

Esclarecimentos

Bom, primeiro: oi, meu nome é Mariana. :D
Tenho quase 16 anos, amo ler e escrever e sou uma mochileira da Galáxia.
Esse livro meu foi criado depois de um sonho. Pois é, pra te mostrar como minha cabeça é louca, sonhei com meu próprio livro.
Depois de ter sonhado com a Joe e o Ben resolvi colocar tudo no pc... Fiquei um mês escrevendo, e depois tive uma semana de total falta de inspiração. Quando o período de uma semana acabou me extressei, sentei no pc e fiquei a noite inteira escrevendo. Me surpreendi quando dei o ponto final no meu primeiro livro terminado.
Sempre tve o problema de começar e nunca saber terminar, mas me superei nesse. :D
Como é meu primeiro livro, com certeza deve estar longe de ser bom... Mas eu amei. Amei fazer, amei os personagens, etc.
Espero que vocês gostem também.
P.s. - Qualquer dúvida deixe nos comentários e responderei neles mesmo.
P.p.s. - Soube que tudo que é postado aqui é do Google. Foda-se, esse livro é meu. Os personagens são meus. Se eu sonhar que alguém pegou meu livro eu abandono todas as boas condutas e faço que nem a Joe: Busco vingança.