terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Cáp. 21

- Inclusive, Joane. Você vai perceber que o verdadeiro culpado da morte de seu querido papai é seu amiguinho Ben Harper. – Bóris pegou o pacote empoeirado que Ben havia trazido e abriu, deixando a mostra o punhal. Aquele punhal que por anos aparecia nos sonhos de Joe.
Desde a morte de seu pai Joe não chorava. As duas vezes que ela engoliu o choro nesse período foram culpa de Ben. Todos os anos de sua vida procurando vingança e era tudo culpa dele.
- Por favor... Me leve pra outro vagão. Ou então me empurre na frente do trilho... Mas me tire de perto dele. – Os olhos de Joe estavam fechados. Ela não queria encarar a verdade.
Bóris desamarrou Joe e a empurrou no vagão seguinte. Tranco-a pelos dois lados do vagão e voltou pra onde estavam Ben e Mel.
Uns minutos depois Ben acordou, ainda atordoado, por causa da pancada.
- Oh, vejam só que acordou! A pessoa mais odiada desse trem! – Bóris riu.
- Seu desgraçado! Se a minha irmã tiver algum problema futuro, considere-se um homem morto!
- Ela vai ficar bem, amigo... Você deveria se preocupar com a sua vida.
- Onde é que está a Joe? E a Gigi? – Ben tentava se livrar das cordas que o prendiam.
-A Gigi está muito bem. Está fazendo um cafezinho no vagão restaurante pro seu caro amigo Calvin. – Bóris fingiu surpresa. – Ou será que Ben Harper não percebeu que Gigi trabalhava pra gente? Gigi foi perfeita. Principalmente na parte de fazer ciúmes para a tola da garota beber.
- Aquela vadia! E onde está a Joe?
- No vagão ao lado. Sabe, é uma garota interessante. Nunca conheci uma igual. Nem chorou quando eu contei a verdade! Você tem uma sorte, Harper. Mas, ao mesmo tempo, conseguiu fazer com que ela te odiasse. – Bóris se espreguiçou.- Ah, perdão. Esse foi o meu papel.
Ben viu o punhal em cima de um dos bancos do vagão e entendeu o que ele queria dizer. Seu passado havia sido revelado. Não culparia a Joe se ela não quisesse voltar a vê-lo. O mundo de Ben havia caído.

Joe estava quase conseguindo arrebentar as cordas com um pedaço pontudo de vidro que achou no vagão velho. Depois de uns minutos, a corda que prendia a mão da garota não existia mais.
“Como eu vou sair desse vagão?”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário