terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Capítulo 4

Ainda era madrugada, mas o calor já predominava. Não era muito difícil fazer tanto calor, já que Joane se encontrava em uma casa abandonada no meio do deserto.
A garota estava montada na Franja, mas de costas. Era um jeito prático de dormir sem ter lugar. Ficar dentro da casa que arrombou era uma idéia idiota. Iria fritar lá!
O sol já estava nascendo e Joane teve que colocar o chapéu na cara e prender os cabelos com cipós secos, pra poder dormir mais um pouco sem morrer de calor. Estava bastante cansada, teve que rodar por vários dias até achar um local pra dormir, ainda assim em condições precárias.
Conseguiu achar uma posição em que as costas não doessem tanto, colocou o chapéu na cara e foi pro seu merecido descanso.
- Nada vai me impedir de tirar uma soneca agora. - Pensou ela, com um bocejo. - No meio do deserto, a chance de alguém chegar é mínima!
Relaxou, mas por menos de cinco minutos.
- Sinto interromper seu sonho, meu senhor. Mas é um caso de força maior. - Foi a voz masculina que acordou Joane. Sei que vocês devem ter estranhado o “senhor” falado pelo homem branco, de cabelos encaracolados e barba rala. Deixe-me explicar: naquela época, era praticamente impossível se ver uma garota usando algo que não fosse um vestido. Mais difícil ainda era ver uma garota usando chapéu. E era realmente impossível ver uma garota cavalgar. Portanto, vocês hão de concordar comigo, o homem tinha toda razão pra confundir Joane com um homem. E ela tirou proveito disso, por diversão.
Joane desmontou de Franja, sem falar nada, com o chapéu deixando a mostra apenas seu queixo, pois a sombra que ele fazia deixava impossível ver o rosto.
- Sinto ter que abandonar o senhor nesse deserto, mas preciso de um cavalo e, na falta de dinheiro, pretendo roubar o seu. - O homem disse, em um tom que misturava a suavidade e a simplicidade, como se roubar fosse a coisa mais natural do mundo.
Joane esboçou um pequeno sorriso e levou a mão à espada. O homem entendeu logo o que isso queria dizer e puxou a dele também. Travariam um duelo pela égua.
Não vou descrever perfeitamente como foi, até porque é impossível descrever com perfeição um duelo de espadas. O que posso dizer é que estavam achando dificuldade para desarmar o outro.
Joane não sentia necessidade de matar o rapaz com quem duelava, mas não queria dar brechas para que ele fizesse isso. O rapaz tentou acerta-la, ainda imaginando que fosse um homem, e Joana se abaixou para desviar. Em um golpe de total desonestidade, Joane aproveitou e jogou um punhado de areia na cara do rapaz.
Xingando, ele tentou tirar a areia dos olhos, mas era apenas o que Joane esperava pra conseguir jogar longe a espada dele.

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