terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Capítulo 3

Dez anos depois (e um flash back do que aconteceu nesses dez anos)

Joane não teria sobrevivido uma semana se não tivesse sorte.
Embora a garota soubesse manusear uma espada muito bem, já que fora ensinada pelo pai quando menor, os coiotes e os bandidos do Oeste iriam acabar com ela assim que a vissem.
Mas Joane era inteligente. Desde criança acompanhava o pai em suas caçadas aos bandidos. Sabia por onde eles mais andavam e também sabia onde arranjar ajuda.
O que ela fez? Joane procurou os índios.
O pai sempre a colocava de castigo quando descobria que ela havia conversado com eles. Achava os índios assassinos. Mas Joane sabia que não era verdade. Os índios sempre foram gentis com ela e só atacavam os outros por defesa.
E os índios a acolheram por quatro anos. E mais, ajudaram-na a melhorar a habilidade com a espada e arranjaram pra garota roupas de vaqueiros. Não era fácil cavalgar de vestido.
Quando o período de quatro anos acabou, Joane, com 16 anos, já tinha uma cabeça madura e decidida. Ainda estava acompanhada pela égua selvagem Franja, que não deixava que ninguém mais a montasse.
A garota rodou algumas vilas e cidade, furtando maçãs e outras frutas para sobreviver. Nos próximos três anos que se seguiriam, ela permaneceu nessa vida.

Em um dia tedioso, a garota estava sentada, encostada na parede de uma taberna, embaixo de uma janela. Com sua espada, ela afiava um pedaço de madeira, só pra ter o que fazer. Aquela vila era um porre, nada acontecia e só tinham bêbados e dançarinas de can-can. Mas foi naquela vila que Joane percebeu que sua vingança estava mais perto.
De dentro da taberna uma conversa seguia entre dois homens (provavelmente os menos bêbados do local). Joane, sentada embaixo da janela, ouvia perfeitamente.
- Soube daquele trio de bandidos que atacavam por aí faz mais de uma década? - Um deles perguntava.
- Dois adultos e uma criança, não é? Eram bem famosos uma época, mas andaram sumidos de um tempo pra cá. - Senhorita, mas uma cerveja.
- Bom, aquela criança cresceu, não? - Joane ouviu uma risada. - Pega mais um copo de cerveja pra mim também.
- Mas afinal, o que aconteceu com eles? - Um terceiro homem entrou na conversa.
- Pelo que me contaram, depois da morte dos xerifes Houffmen, Morgan e Aberas, eles migraram para Elpah, então o garoto mais novo começou a... - Um tiro interrompeu a conversa. Joane suspirou, quando esses tiros começavam, era impossível ouvir algo mais. Levantou-se.
E o último dos oito anos que se passaram foi tomado apenas por uma busca incansável pelos desertos. Mas, desde aquele dia, ela nunca mais ouviu falar dos assassinos do pai.

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