Decidiu voltar pra casa dos amigos de Ben, o sol já havia esquentado bastante Elpah e ela não queria fritar debaixo dele.
Chegou em frente à casa e entrou, porém, quando estava entrando no quarto em que havia dormido, deu de cara com uma garota, que se assustou e saiu correndo.
Pelo que Joe pôde ver da criança, deveria ter uns dez anos, tinha o cabelo alaranjado preso em uma Maria-chiquinha curta, e usava também um vestido marrom e simples. Seus olhos eram verdes, iguais os de Ben. Ela saiu correndo levando uma bolsa.
Joe ficou parada por cinco segundos antes de entender o que havia acontecido. Então, com um estalo, ela voltou a si e saiu correndo atrás da garota.
- Ei, ei, ei! Minha bolsa! Volta aqui, sua pequena morcega! – Gritou.
A criança era bem rápida, parecia ter experiência nisso. Joe estava se xingando por dentro, poderia ter pegado a Franja, mas, no choque, nem pensou nisso. De qualquer forma, Joane estava alcançando a menina.
A menina havia feito uma curva brusca em uma estaca de madeira presa no chão, Joe fez o mesmo. A essa altura toda a rua tinha parado pra presenciar a perseguição e já tinha gente fazendo apostas. A maioria da rua apostava no “moleque magricelo” com o braço enfaixado, mas parecia que a garotinha de cabelos alaranjados estava levando a melhor, por conta do tamanho e do braço enfaixado de Joe.
A bagunça na rua estava geral, os homens da taberna gritavam palavras de incentivo pra quem apostavam, as mulheres davam gritinhos ensurdecedores e as crianças aplaudiam a cada queda e curva que uma das duas dava.
Ben, que estivera nesse tempo todo se embebedando na taberna, saiu para ver o que acontecia. Seus olhos se arregalaram ao ver a cena.
A garota ruiva estivera olhando pra trás enquanto corria, pra ver se Joe estava alcançando ela, e bateu diretamente com Ben, caindo no chão.
- Ben! – Assim que a ruiva viu quem era, levantou e correu pra trás do garoto, se protegendo. Quando Joe se aproximou, esbaforida, a ruiva mostrou a língua.
- Eu quero a minha bolsa agora. A não ser que você queira que eu leve a sua mão junto, sua morcega. – Joe fuzilou a garota com o olhar. A ruiva tremeu.
- O Ben não vai deixar você me machucar! – Ela deu um pequeno empurrão em Ben.
O rapaz, que estivera olhando tudo com um meio-sorriso, se ajoelhou, até ficar da altura da criança, e estendeu a mão.
- Mel, a bolsa, por favor. – Ele falou no tom mais gentil que conseguiu.
- Você tá do lado dela, é? Passa anos fora e depois volta com uma assassina de encosto? – A garota, Mel, entregou a bolsa pra Ben, emburrada. Ben devolveu pra Joe, também emburrada.
As duas estavam se encarando. Ben não se surpreenderia se raios saíssem dos olhos delas.
A multidão, que estivera aguardando ansiosamente o fim da disputa, foi se dispersando desapontada. Logo as ruas já estavam normais de novo. Ben levou as duas garotas pra casa em que estavam.
Rodeada pela morte
Há um mês
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